Foi realizada hoje (28), na Câmara Municipal de Alagoinhas, a sessão especial fruto do requerimento nº 017/2024, de autoria da vereadora Luma Menezes, que discutiu dignidade menstrual.
Compuseram a mesa, além da vereadora autora da proposição: Iara Medeiros, subsecretária de Saúde (representando a secretária Laína Passos), Bianca Souza, advogada, representando a OAB Mulher, Dulcineia L. de Souza, vice-diretora do Colégio Jairo Azi, Dra. Mariane Mercuri, médica obstetra e ginecologista, e Havana Matos, subsecretária da Secretaria Municipal de Assistência Social (representando o secretário Rui Costa).
A vereadora Luma Menezes, ao iniciar a sessão, justificou a realização: “Esse ano a gente traz um tema que é bem o intuito mesmo de causar esse estranhamento, porque o único sangue que é visto de uma maneira equivocada ou visto como uma coisa ruim é o sangue que não provém de violência. O sangue que causa nojo é justamente o sangue que não provém de violência e que vem justamente de um processo natural dos corpos que possuem útero que é o ato de menstruar, que é o da menstruação.”
A médica Mariane Mercuri pontuou: “Menstruar é um marco na nossa vida. Nós que somos mulheres, nós sabemos como a menstruação é um divisor de águas. A gente deixa de ser criança e passa a ser adolescente às vezes da noite para o dia. Dorme criança e acorda adolescente e isso é muito difícil, principalmente para as meninas aceitarem que estão passando por essa situação. Às vezes nós temos círculos regulares que vêm certinho todos os meses sem muitos problemas, mas a grande maioria das vezes nós temos ciclos irregulares e que vêm juntos com vários sintomas como: cólica, dor de cabeça, um fluxo muito forte e por isso a menstruação ainda é um grande tabu.”
Havana Matos, subsecretária da SEMAS: “Nós na SEMAS, distribuímos absorventes através dos CRAS, do CIAS, também a gente faz esse processo mensal. Não distribuímos apenas o absorvente, temos o cuidado também de distribuir um kit que é o absorvente que vai junto com o sabonete líquido.”
Dulcineia L. de Souza, vice-diretora do Colégio Jairo Azi, falou das experiências vividas na escola e procedimentos adotados com as meninas: “Se acontecer imprevistos chamamos, conversamos e damos uma solução. O Colégio Jairo Azi recebe sim, os absorventes para um pouquinho e nós nos preocupamos em entregar às adolescentes, conversamos com elas sobre a importância de ter como também nós trabalhamos a questão do corpo, a questão da menstruação que é um processo onde a adolescente está entrando em desenvolvimento, um processo de evolução”.
Ela complementou: “Quando a criança tem um fluxo muito maior que não tem condições de vir para a escola, basta nos comunicar que nós falamos aos professores a situação e essa aluna não vai receber falta porque ela também não tem como ficar na escola.”
Bianca Souza, advogada, ressaltou: “Foi muito importante esse programa da atividade sexual para as meninas terem mais conforto, mais possibilidade de ter acesso a higiene pessoal com absorventes e as ações sociais de conscientização também são muito importantes para as meninas sentirem confortáveis com seus corpos porque a gente vê inclusive no Oriente Médio essa questão da mulher ter a menstruação estigmatizada, a mulher não poder ter a liberdade ao seu corpo, ela ser limitada e essa coisa da exclusão em relação ao sexo oposto. Então, eu acho muito importante no Brasil a gente ter essas políticas públicas em relação a dignidade menstrual da mulher.”
Iara Medeiros destacou: “É um período que tem essa questão hormonal a cada mês, a cada quatro semanas ou fases da lua como algumas comunidades vão comentar. Vai ter aquele sangramento e institucionalmente a gente tem que pensar como prover isso. Existem relatos de crianças, de adolescentes que faltam a aula porque não têm o absorvente, mas também talvez não seja só absorvente. Talvez seja uma medicação para cólica, talvez seja a indisposição, talvez seja irritabilidade então é todo um conjunto que é trabalhado.”
Participaram da sessão, educadores, crianças e adolescentes estudantes do Colégio Jairo Azi.
Ao abrir para os questionamentos do público, Nicolle Graziele de 16 anos, questionou: “De quanto em quanto tempo chegam os absorventes nas escolas ou temos que pegar no CRAS?”, ao tempo que Havana Matos respondeu: “Você pode ter acesso ao absorvente pelo CRAS sim. Basta você procurar e aí você preenche. Você procura o benefício eventual do CRAS, você preenche uma fichazinha muito tranquila e aí você recebe o seu absorvente. Você pode retirar no mesmo dia.”
Para assistir a sessão na íntegra, é só clicar no link: https://youtube.com/live/jR0JJ7YhVNE?feature=share
Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas
Fotos – Jhô Paz